31 outubro 2016

Eu sou uma Diva. Você é um traste.



Eu lembro de todas as suas mentiras. Guardei todas em uma caixa dentro de mim. Vira e mexe, as vejo dentro de mim. Elas se misturam com as minhas incertezas e fortaleciam as minhas fraquezas. Sim, fortaleciam, hoje, não mais.

Não acho patético juntar todos os pedaços das cartas rasgadas. Não falta nenhum pedaço delas, não resta nenhum pedaço bom de você dentro de mim. Não resta mais nada. A saudade virou esquecimento e as suas traições, não vivem (mais) dentro do meu tormento. Aliás, o tormento acabou quando eu decidi exterminar você dentro de mim. Desculpe-me, mas me fazia muito mal. 

Lembro-me de todas as vezes, que eu passava o meu batom vermelho no espelho e você, beijava o meu pescoço e dizia que eu estava linda. Mas enquanto isso, o seu celular vibrava em cima da mesa. Era uma de suas amantes. E você nem percebia, que eu já sabia de todas as suas invenções e farsas. Eu sempre soube de tudo, mas não queria aceitar. Na verdade, eu tinha vergonha de tudo ter ido por água abaixo. Eu tinha vergonha de ter fracassado - na verdade, eu me sentia culpada e pensava, que o fracasso partia de mim - e também, não queria me abater. Não queria que me vissem destruída. 

Eu lembro das noites que você dizia que estava de plantão e eu, em casa com a janta pronta, te esperando para me fazer companhia. Eu te esperei por muitas noites, enquanto algumas te encontravam em algum quarto de motel. 

As contas estavam atrasadas, eu já estava estressada e deprimida. Não vivia pra mim, não estava feliz, eu apenas pensava no homem que não estava fazendo o seu papel de homem em nenhum momento. Um homem que procurava na rua e deixava a desejar em casa. Isso, eu não digo só de presença, eu digo de tudo mesmo. Os gastos aumentaram para satisfazer um mau-caratismo. Desculpe-me, mas nunca precisei disso.

Foi quando me olhei no espelho, passei o batom de sempre, o vermelho e sorri. Mais uma vez você me elogiou, mas fingi não escutar. Eu estava enxergando o meu interior e o quanto eu era Diva. O quanto eu era a mulher de verdade, para um homem, que era um traste. Um egoísta, insensível e imoral, que só pensava em si. Que não se importava com a sua família. Que vivia rodeado de amigos de copo e de mulheres que só pensam no que o homem tem no bolso. 

Perdi boa parte do meu tempo, com um homem que só tinha tempo para amigos e traições. Perdi momentos bons com os meus familiares, por me dedicar a alguém que não valia nada. Perdi amigos. Perdi dias felizes. Perdi lágrimas. Mas quando decidi o melhor pra mim, ganhei vida, ganhei sorriso, ganhei experiência e uma bagagem. Ganhei maturidade.

E hoje meu caro, não tenho culpa por ter me trocado por outra. Não tenho culpa se essa outra, não consegue te fazer feliz. Não tenho culpa se você quis jogar tudo fora. Não tenho culpa por conseguir reagir e você, só se destruir.

Não tenho culpa por ter nascido Diva e você, continuar um traste.

Não tenho culpa.

Joyce Xavier 

26 outubro 2016

A Terra é quem gira - Por Lucinei Campos


Sabe, com o passar dos anos, eu percebi que não devemos ter pressa. Não devemos querer correr, não devemos ter a euforia de uma criança. Afinal de contas, crescemos e notamos que no fim tudo está em movimento. A Terra é quem gira, não você. O tempo pode ser amigo.

O tempo é quem mais nos afeta e transforma. Com ele, podemos notar o quanto somos cruéis conosco. Mas ele mesmo nos faz o trabalho de esquecer. Afinal de contas, ele é o tempo.

O encarregado de apagar as lembranças, sejam elas boas ou más. Seja aquela de quando você mal andava de pé. Ou daquela pessoa especial, que lhe marcou profundamente, mas que hoje você tem apenas a imagem perfeita dela. O tempo é tão vil, tão covarde, que nos abraça esmagando-nos e ao mesmo tempo nos afaga. Ele é responsável por cometer as maiores atrocidades da humanidade, já que ele faz com que nós mesmos esqueçamos as nossas atitudes violentas.

O tempo é quem prova o amor. É quem nos permite a saudade. O tempo, tão repetitivo e aparentemente tão comum. O maior exemplo disso é que ao ler este texto, você nem se dará conta de quantas vezes a palavra tempo foi repetida. E que no início do texto, ele foi dito como o grande salvador, mas que por fim, este mero mortal o condenou por todas as atitudes e ausências do mesmo em sua vida. Afinal de contas, é apenas o tempo. E tempo, como qualquer um, passa. E somente a saudade fica. Não tenhamos pressa, poi
s ninguém sai vivo daqui.

Lucinei Campos

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23 outubro 2016

Confissões de um ex babaca - Por Diego Augusto


Você já esqueceu algo temporariamente e nem sequer sentiu falta?! Tipo aquela moedinha de um real em cima do criado mudo naquele dia marcado para a empresa depositar o pagamento mensal, sendo que, em outrora faria total diferença para complementar aquele cafezinho matinal, passagem no transporte coletivo ou mesmo bancar um shot de cachaça na risca para esquecer amor não correspondido, pobreza e tédio?

Pois bem moça, me permita dizer que é justamente isso que o otário que te liga esporadicamente está fazendo – curtindo outras vibes quando o "cardápio" que ele pensa ter em mãos proporciona algum opcional. Justamente porque ele sabe que no final do mês pode te usar como complemento semelhante àquela moedinha de um real abandonada. Sobretudo, ele reconhece que você aceitou ser a segunda ou milésima opção (e essa é a pior descoberta que um exímio babaca possui). Sim! Eu me sinto no direito ou mesmo na obrigação de descrever o sujeito babaca porque, no auge dos 14 ou 15 anos eu usava o perfil desse tipo tolo que tantos homens com idade avançada ainda conserva. 

Mas, por conhecer todo seu poder de superioridade, resolvi passar aqui e encarecidamente pedir para você avaliar tudo que está fazendo de nobre em troca de nada real. Gata, enquanto você desperdiça tempo e expectativas "nesses otários" o mundo continua girando e levando para longe da sua persona algumas oportunidades de ser feliz pacaralho (entenda-se, muitoooo mesmo).

Está passando da hora de você aprender que, quando alguém te quiser verdadeiramente, pode acontecer o desabamento do Brasil ou o falecimento da tataravó recordista em longevidade segundo a classificação do Guinness Book – ele irá te ligar debaixo dos escombros ou solicitar sua presença no velório, porque nada supera a vontade de ter aquilo que desperta o nosso interesse.

Moça, você sempre será  importante na vida de alguém, no entanto, seu extinto masoquista escolheu permanecer ao lado de seres que ignoram o espetáculo que é desfrutar da sua presença. Não sei ao certo os motivos que te levam a determinar tal estilo como mantra do seu contexto, talvez o medo de recomeçar sentimentos da estaca zero e perder tempo esteja impactando negativamente na sua trajetória. Nenhum babaca merece  ofuscar seu brilho e impedir esse sorriso reluzente que compete em pé de igualdade com o próprio sol. Causar sua felicidade não deve ser tarefa obrigatória pra ninguém porque o amor não impõe regras.

Apenas desista de remar contra a maré e aprenda a deixar o vento ser favorável às suas vontades mais contidas, mais insanas e abnegadas. Inicialmente você pode não compreender as dificuldades implícitas nas mudanças radicais e até mesmo esbravejar contra sua própria sorte, mas o sabor que a vitória irá te proporcionar detém o sabor mais doce que qualquer calmante achocolatado em dias que o Chico vem te visitar e acaba ficando a semana inteira (você entendeu né minha caríssima?!).

Reconhecendo que todos nessa vida já erraram, erram ou ainda vão errar, aproveito a oportunidade deste texto para de algum modo me redimir do meu passado de babaquice exacerbada e aconselhar os seres mais extraordinários desse universo – As Mulheres. Considero "aceitável" quando o sujeito adota tal postura no ciclo infantojuvenil, espalhando por aí as descobertas de um beijo, carícia e novas sensações, mas se o problema for recorrente em qualquer "babaquinha crescidinho", providencie uma medida protetiva que determine o afastamento mínimo de alguns quilômetros desse doente. 

Como diria Ana Maria Braga, "sou muito mais você". 

Diego Augusto.

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21 outubro 2016

Isso seria amor, mas... - Por Andressa Leal


Sempre que te olho eu reparo e percebo que eu poderia facilmente te amar, assim da forma que você é, sem tirar e nem por nada. Pena que o mesmo não acontece quando se trata do seu sentimento por mim.

Você disse que poderia facilmente me amar, mas impôs algumas condições. Pediu que eu mudasse meus costumes - esses que são capazes de fazer com que eu seja assim, exatamente desse jeitinho.

Eu entendo que algumas coisas em mim assustam e  isso nem sempre é agradável, mas não faço mal a ninguém e não tenho essa intenção. Conheço todos os meus defeitos e, acredite, os reconheço.

Olhando para você eu sei que eu seria facilmente capaz de te amar, mesmo com ronco, comendo só o recheio do biscoito e deixando a manteiga com imensos buracos.
Seria capaz de te amar desajeitada como sou, com abraço aperto e com risada escandalosa. Você sempre caberia no meu mundinho.

Não mudaria absolutamente nada em você, mesmo sabendo que você seria capaz de mudar a cor do meu cabelo, o modo que me visto, controlaria com quem eu falo, e, com certeza, reclamaria das vezes em que eu me calo. Por esses motivos acho melhor não insistir.

Isso só seria amor, se eu não tivesse que esquecer o meu amor próprio para viver com você; seria amor se você me aceitasse como sou.

Eu te amaria todo dia, com a mesma alegria, mas acho melhor eu ir. Eu juro que tudo isso que sinto poderia ser amor e estaria muito longe da dor, mas não vai dar. Sinto muito informar, mas não sou capaz de amar uma pessoa que quer me mudar.

Andressa Leal

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19 outubro 2016

O "para sempre" é você quem determina - Por Marcely Pieroni


Ela se decepcionou. Apostou suas fichas, entregou seu coração de bandeja e ficou com a cara no chão. Não é que não tenha dado certo, deu, mas por um espaço de tempo diferente do "para sempre" que ela almejava. 
Você pode se importar, fazer das tripas coração, pode se empenhar em mudar o itinerário, trocar os hábitos e até aprender a comer o que não gosta. Se tiver que dar errado, vai dar e pronto. E antes que você embarque no faz de conta, tira da sua cabeça a ideia absurda de vender a própria identidade para se adequar na idealização maluca de quem se reveste para não lidar com a realidade. 

Quem gosta, aceita o pacote inteiro. Dramas, paranoias, manias esquisitas e até os defeitos. Porque quando a gente gosta de verdade, a gente enxerga no outro o melhor que ele constrói e nos permite ter. Ele pode ser insuportavelmente ranzinza, mas é daqueles que não te deixa desistir e quando tudo parece perdido, te ensina enxergar um atalho e salva o seu dia. São trocas. Cumplicidade que aproxima e agrega. Você vê de um mesmo ponto diversas possibilidades porque cada um com seu jeito se concentra numa determinada prioridade. 

Relacionamento é troca. Não é um jogo. Não dá pra obrigar o outro permanecer quando a afinidade foi embora e a sensação de boa companhia foi transformada num único nó que sufoca a garganta. As coisas mudam e o amor também se transforma. Vez em quando se desgasta. E você não tem culpa. Não tem como prever. A história não segue o protocolo dos contos de fadas onde os dois obrigatoriamente devem ser felizes pra sempre. Tanto imprevisto acontece. Desencontro. Situação mal resolvida que foi o estopim do que ainda havia de respeito. Os gostos descombinam, os sonhos não se encaixam e aquela vontade de pintar o outro em todos os dias da sua vida desbota com os vacilos, com a rotina que afasta e com a ausência de diálogo. O silêncio enlouquece. Avisa que a validade expirou e que a qualquer momento o outro vai sair com a mala pronta. 

Mas isso também não quer dizer que não haverão memórias. Que não haverão saudades repentinas. Quem divide o chão com você não desaparece do seu livro da vida. É página que armazena loucuras e situações bonitas de um sorriso que valeu mais que mil poemas escritos. O sentimento é eternizado. Mas não obrigada a permanência. Eu posso continuar te querendo muito bem, mas hoje não te vejo caber nas minhas linhas e não me caibo em seus ideais. Nessa hora é melhor ir. Pra que estragar tudo fazendo o outro infeliz por covardia ou gratidão. 

Amor é liberdade. E só faz bem quando ainda acrescenta sorrisos e frescor. Se acinzenta e aborrece está fora do prazo. Não existe felicidade baseada em solidão acompanhada. 
Deu certo. Você foi feliz. Pode não ter sido por uma vida, mas foi por algumas estações. E isso é o que realmente importa. A verdade do momento, a intensidade. O poder olhar para um retrato e se lembrar com carinho de um rosto familiar. É mais valioso que despertar diariamente ao lado de alguém que soa desconhecido. Que o tempo apagou a importância. Entende? 

O "para sempre" é você quem determina. Há muitos finais felizes continuados em novos ares e novas descobertas.

Marcely Pieroni

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14 outubro 2016

Você acredita no amor?


Eu sempre levantei a bandeira do amor. Eu sempre fui carinhosa e entreguei-me de corpo e alma para aqueles que passaram pela minha vida. Eu sempre pensei mais nos outros do que em mim, eu sempre fui presente sem desejar o fim.

Nunca me importei em dizer que amava alguém, nunca deixei de fazer declarações de afeto, amigos e amores sempre recebiam o melhor de mim. Sempre dei a minha cama para alguém dormir, sempre briguei por aqueles que eu amava cegamente e por diversas vezes deixei de lado amizades por amar demais um homem. O amor nunca foi ausente na minha vida.

Com todo esse meu jeito de flor, por diversas vezes, fui ferida pela navalha de quem pouco se importava com tudo aquilo que eu sentia. As pétalas caíram pelo jardim da minha vida e muitas vezes pensei em desistir para não me ferir, muitas das vezes pensei na morte com medo de enfrentar a realidade da vida, muitas das vezes eu tive medo de mim mesma.
Chega um certo momento, que você sem querer se protege de uma forma cruel. Você começa a não se importar com o que vão dizer, você pouco se incomoda se irão gostar do seu jeito e divulga uma imagem sua que muitos vão criticar. Sou escudo por não querer me ferir outra vez, pois quem conhece a minha alma, encontra a mais pura inocência de uma criança.

Não quero ser visada como uma prepotente ou “a dona da cocada preta”, eu quero ser respeitada e receber o que eu transmito, infelizmente a vida é uma troca e queremos sempre receber o amor, fidelidade e lealdade que doamos.

Permito que a loucura e a ousadia morem em mim, para que eu não adoeça com as minhas ilusões. Permito que meus dias sejam intensos, para que eu não morra a cada dia com as minhas reclusões. Permito ser furacão, para que ninguém tente incendiar a minha serenidade. Permito que meu desequilíbrio seja externo, para não morrer com as confusões e doses de carência que às vezes vivem em mim. 

Eu sou o amor, basta você me conquistar. Eu sou o ser que foge da dor.

Joyce Xavier 

13 outubro 2016

Amante e traição


Nunca fui santa, mas quando estou num relacionamento, eu sou fiel. Se for para trair, eu prefiro viver sozinha.

Já fui traída (em quase todos os meus relacionamentos) e quando eu descobria, sempre culpava a mulher e a denominava por nomes que as pessoas dizem quando estou solteira. Mas a questão em si é a seguinte: na minha opinião o maior culpado é aquele que não respeitou a pessoa que está ao seu lado.

Eu já fui amante e não sabia. Todos me diziam que ele tinha um relacionamento e eu acreditava naquilo que ele me falava, mas com o passar do tempo percebi que fui o pivô de uma separação e o meu relacionamento um motivo para guerra. Acreditei nas mentiras de um homem e para rebater as ofensas que eu sofria, eu ofendi também.

O relacionamento não durou muito tempo e eu não fui feliz, apenas tive vários momentos felizes e posso dizer que o pouco tempo que estive ao lado desta pessoa, a minha vida era um inferno. Eu amei uma pessoa que começou uma suposta vida ao meu lado na base da mentira, com certeza não daria certo.

Com tudo isso, gerou-se o ódio. E nós mulheres fomos apenas vítimas, enquanto o vilão se exibe como santo e diz: “estávamos em crise”, além de colocar inúmeros defeitos na própria mulher.

Então, antes de culpar o outro e achar que ele não presta por roubar a sua “felicidade”, perceba que quem está ao seu lado é quem realmente não “presta”. Quem lhe deve respeito e satisfações é quem vive ao seu lado e não aquele que o fez companhia para diversão.

E entendam mais uma coisa: às vezes descobrimos a mentira do homem, mas já estamos envolvidas e não temos coragem de largar tudo. Erro nosso. Se fez com a outra, faz com a gente também.

Joyce Xavier.

11 outubro 2016

Dizem sobre mim



Muitos dizem que eu sou antipática. Outros já disseram que sou insuportável e já ouvi dizer que eu sou um nojo de pessoa. Bem, sou tudo aquilo que você quiser, depende do seu merecer. 

Não faço questão de ser legal com todos, não digo que te amo se eu não amar e muito menos aceito aqueles que não assumem os seus erros. Eu sou humana, eu sou falha e sei muito bem reconhecer falsas desculpas.

Faço das minhas dores as cores para minha sobrevivência, fortaleço o melhor de mim nos meus erros e nas marcas que me deixaram. Não sou invencível, não disputo atenção e prezo principalmente pela minha paz. Ajudo quem quer ser ajudo, descarto quem se aproveita da minha boa vontade e enojo-me de tanta gente interesseira que ainda existe neste planeta. 

Não gosto de deslumbres, vivo com o pé no chão e só me comprometo naquilo que eu sei que posso conseguir. Adoro o meu cantinho simples com os meus sonhos mais glamorosos e vivo com a minha autenticidade sem prejudicar ninguém.

Não sou de palavras pela metade, eu sou silêncio ou sou gritaria. Não acuso por prazer, não aponto o outro para me defender e sei os meus limites.

Não queiram me testar, não gosto de quem implora por atenção e detesto os donos das razões. Sou dona do meu próprio mundo e nunca ouse roubá-lo de mim. Eu posso ser a sua melhor amiga, mas posso te esquecer em segundos e isso não depende de mim, depende somente de você.

Joyce Xavier.

05 outubro 2016

Vai saber - Por Marcely Pieroni









Eu não sentei pra conversar. Não sei a cor que você mais gosta nem a sua banda preferida. Posso chutar o time do coração e paramos aí. Não prestei atenção na forma que você fala, nem reparei que vive gesticulando para se fazer entender. Eu estava ocupada respondendo algumas mensagens que quase não notei o seu olhar desavisado esbarrando no meu. Pedi licença com um sorriso e sai. 

Enviei solicitação de amizade no Facebook e você aceitou. Achei estranho estar checando seu estado civil e me preocupei de verdade quando comecei a procurar a data do seu aniversário - fui checar o seu signo. Mais esquisito ainda foi estarmos em setembro e estar visualizando suas postagens do Natal passado. Continuo não sabendo a cor que você mais gosta nem a sua banda preferida, mas vi que gosta de açaí e vez em quando esquece a hora de voltar pra casa por estar por aí rindo com seus amigos. Mania de querer ir além da casca. De bater sem pedir licença pra chegar nas entranhas de suas verdades. 

Eu acredito que tivesse sido mais fácil sentar pra conversar, pouparia a vista cansada e a imaginação fértil que a essa altura já desenhou uma série de histórias malucas e já desvendou alguns segredos obscuros. Quer apostar? Moço seu riso estremeceu a bagunça desse lado. Ficou arquivado na memória recente de instantes que normalmente não filtro, mas a vista capta e absorve. Poderia jurar que eu estava distraída mas a riqueza de contornos que a memória puxa diz o contrário. Eu sei que é loucura. Eu poderia escrever num Post It o meu telefone e deixar colado no para brisa do seu carro e ainda soaria esquisito. É como jogar no escuro. Sentir um estalo e esquecer por completo a realidade que abraça. Embarcar nesse faz de conta imediato só pra descobrir se seu abraço iria mesmo me arrepiar a espinha. Coisas sem sentido que afloram o desejo e despertam a vontade de ficar perto. 

Talvez seja a mente criativa de uma moça que anda lendo romances demais, se fosse noutros tempos eu já teria fechado os olhos e ido. Mas gato escaldado acaba aprendendo a ter medo de água fria e nesse cenário atual qualquer sofrimento poupado vale o esforço. Embora eu esteja com o Band-Aid e as ataduras na outra pensando se salto agora ou espero mais um pouco. Vai que eu te assusto. Vai que você me ganha e a gente se perde.

 Vai saber.


Marcely Pieroni

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04 outubro 2016

Vale a pena viver assim?






Deus me deixa ir mais além, sabe? Sim, ele me deixa fazer as minhas escolhas e me proporciona, oportunidades de melhorar. Mas eu sou teimosa. Não adianta ninguém me alertar. Não adianta, ninguém querer abrir os meus olhos. No fundo, bem lá no fundo, eu sei o que estou fazendo. Mas nem sempre, estou preparada para as consequências. Me cego, não quero aceitar a verdade, vivo na ilusão de falsos sonhos e de promessas de amor, que não são demonstradas. Realmente, palavras o vento leva e o que me faz acreditar, são as atitudes. 

Acho que é por isso que eu sofro tanto. Talvez seja por isso, que pessoas boas se transformam em más. Infelizmente bons corações se transformam em pedras. Pessoas do bem, tornam-se egoístas. Eu não gosto de viver assim, andando em passos duvidosos, com medo do dia seguinte. Posso até sofrer por antecedência, mas sofro mais pelas incertezas do dia seguinte. Pelas os meus impulsos e por gritarias impensáveis. 

Daí me pergunto e te pergunto também:  Será que vale a pena viver assim? 


Será que somos tão possessivos, que nos acomodamos com o costume? Será que existe amor no mundo? 

Será?

É quando me revolto e sofro por ser assim. Uma mulher que muita gente admira, mas sofre por dentro. Sofre por ser inocente, sofre por achar que em todos os corações existem lealdade. Sofre por pensar mais no próximo do que em si mesma. Sofre por deitar no travesseiro e pedir paz. Sofre por não saber lidar com certos sentimentos. Sofre por algum momento, querer ser uma pessoa má.

Ninguém merece a minha arrogância, pelo simples fato de ter mágoa do passado. Ninguém pode me impedir de ser feliz. Mas eu posso decidir o que é melhor pra mim, mesmo que seja o oposto ao que o meu coração diz.

Joyce Xavier 

03 outubro 2016

O tempo - Por Lucinei Campos


O Tempo que passa, que fica, que leva e que marca. O tempo que nos mata e que nos faz viver. O tempo que se perde e que se ganha.
No início, somos um.

Nascemos, geralmente, frutos do amor entre duas pessoas que se encontram em algum momento. Desse encontro, outros seguem. Encontramos com pessoas que ainda não conhecemos, mas que em breve compreenderemos o quão importante são. Depois, encontramos mais pessoas em locais estranhos, longe do conforto do nosso lar e do nosso convívio. Dentre estas novas pessoas, escolhemos as que mais nos identificamos. Assim, criamos mais laços. Alguns desses laços mantemos por mais um período ou pelo resto da vida e alguns deles perdemos, na medida em que as pessoas vão para longe, retornam para seus lares ou vão à procura de um. Continuamos a crescer e logo os desejos naturais e mecânicos dão lugar a um desejo tão carnal quanto. No entanto, bem mais complexo. Olhamos o outro com mais atenção, buscamos mais identificação. Não somente nos gostos, mas no carinho. No decorrer deste desejo, notamos que queremos mais, e então, percebemos que outro pode nos dar ao menos parte do que queremos.

Viramos dois ou mais.

O mundo passa a ser mais legal, no início. Os lábios passam a ser mais usados para beijar do que para fazer bicos e caretas em frente a espelhos e câmeras. O tempo continua a passar. Sem querer, começamos a querer virar três. De duas almas, uma nova surge. O tempo segue, se perde e se ganha. O corpo, agora, não tem mais a mesma disposição para fazer o que antes fazia. O que era engraçado perde sua graça aos poucos. Mas, em contrapartida, o que era pequeno cresce e o que era grande, de repente segue. O amor e o carinho que sentíamos pelo outro insiste em repousar em cada olhar. Ao longo do tempo, nos olhos do outro, vemos o que há de lindo em nós mesmos.

No fim, nos tornamos um ou nenhum.

Os anos são perigosos e ligeiros, tão traiçoeiros quanto uma cobra dos contos de fadas. E, com o passar de mais alguns, ele segue nos tirando. Algumas pessoas trilham seu percurso natural e partem na frente, ao passo que outras ficam na fila esperando a sua vez. Em algum momento, até mesmo aquele alguém que acreditamos estar predestinado a nós parte também. Ou nós mesmos... Mas o que fica do tempo e com o tempo não são somente as perdas e partidas, mas também os ganhos e o que fica. Ele nos ensina o seu próprio valor. Recebemos dele o tempo em que passamos com as pessoas que amamos. Ele nos marca também unicamente pelos momentos e experiências guardados em nossas memórias, em nenhum outro lugar além do tempo.

Lucinei Campos

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02 outubro 2016

Já vai tarde - Diego Augusto




Me afastei quilômetros do seu sorriso e cheguei num lugar tão calmo e sereno que avistei a paz. Também pudera! Descobri que nosso sentimento era oco e a casca que envolvia suas juras proferidas era frágil demais para investir tempo e expectativas. Espero que você tenha ido com Deus, mas sobretudo, que tenha ido pra sempre bem distante do meu olhar. Com você alcancei a vitória acumulando derrotas. Perdi tempo, perdi o rumo e até mesmo a noção, mas ganhei! Ganhei espaço com sua ausência, ganhei expectativas e acumulei experiência nas páginas do meu manual que gerencia o modelo de ser o que eu sempre quis – livre para trafegar num horizonte sem fim nem delimitação daquilo que se julga reprovável, proibido ou permitido com restrições.

Juras em vão eram ditas sem contexto no nosso clipping cotidiano, amor eterno que durava horas ou dias era a nossa manchete. Seu estilo de encarar a vida sempre foi o gabarito que balizava o "modo" correto de agir. Num dia você adorava tudo aquilo que no dia seguinte te causava vômitos e em meio ao seu conflito só me restava vestir o meu colete a prova de variação de humor. Te agradar se tornou mais complexo que mudar os rumos econômicos do Brasil. Tentei te entender e fui reprovado na matéria que você julgava pertencer à categoria sênior – sendo completamente pueril.

Cheguei à conclusão que nosso lance não era amor e nem tão pouco paixão, mas uma espécie de costume. Tínhamos horário certo para efetuar as ligações em que nosso papo nem era mais furado, mas sim decorado, perguntando sobre as ocorrências do dia, já sabendo a resposta: "normal e o seu?" Verdadeiro pleonasmo sentimental!

Ludibriamos nossa mente levando-a ao equivoco – se não fosse o amor já teríamos chutado o balde (crença falha que embasou nosso enredo). Na verdade era pura preguiça de tentar o recomeço ou simplesmente medo de mudar o rumo. O ser humano sempre tem fobia de mudança... "tá ruim, mas está bom", "ruim com ela e pior sem ela", "vote no Tiririca, pior que tá não fica". Esses lemas vão indicando que mudar pode ser perigoso, nos distanciando léguas da posterior bonança.

A verdade nunca esteve a venda, mesmo assim você sempre se julgou dona dela e espalhava por ai as regras de um jogo que só você poderia vencer. Um misto de prepotência e orgulho em doses cavalares, altamente inadequado ao consumo humano. Verdadeira área de lazer para praticar brigas e cravar a bandeira do "quem você pensa que é?!".

Ser mesquinho é isto! Desprezar as particularidades alheias e não reconhecer a diferença entre seres da mesma espécie. O mundo anda intolerante porque a melhor raça é a minha, o melhor gênero são os dois concebidos, masculino ou feminino (nada e nenhum outro), o melhor time é aquele que torço e se houver grito contrário – tiro, porrada e bomba! Desprezar o oposto é lei, mas ser desprezado é ofensa gravíssima que faz jus a penalidades máxima.

Nenhuma ferida é eterna, a lei da superação é efetiva e benéfica, nos faz crescer e desenvolver mecanismo de evolução. Muitas vezes desconhecemos os motivos de vivenciar fases turbulentas, mas a posteriori, compreendemos que a vida é um verdadeiro quebra cabeça onde cada peça se encaixa.

Tenho certeza que o meu destino está traçado rumo a glória, cabe a mim percorrer a rota sem iludir com os atalhos, sem colidir nos retardatários. Preciso inundar o poço da minha alegria e fazer transbordar meu melhor sorriso, mas, definitivamente sua fonte não oferece a vazão necessária, ela não passa de um volume morto.  

Diego Augusto