12 setembro 2017

Fui estuprada pelo meu ex (Baseados em fatos reais)


Namorei Lucas durante seis meses. A gente se gostava, mas como a vida, tudo tem um começo, um meio e um fim.
Eu terminei o relacionamento, mas ele não aceitou. Sempre me ligava, mandava mensagens, me perturbava! Mas eu não queria mais, não queria mesmo. Terminei o namoro ainda gostando dele, mas não dava mais para seguir.
Um belo dia, eu estava na minha casa e ele chegou. Nunca estive no inferno antes. Ele queria de qualquer forma transar comigo. Eu não queria, e pelo fato de não querer mais, ele me estuprou. Sofri momentos de pânico, ele colocou o meu braço para trás, era agressivo, eu me senti como se fosse uma boneca que criança joga para todos os lados. No final de tudo ele disse: "não irei de abraçar, porque você está cheia de esperma".
No dia seguinte, eu fui trabalhar como se nada tivesse acontecido. Mas teve um momento em que não aguentei, desabei em chorar. Contei para a minha gerente, que no mesmo instante, me liberou para que eu fosse para delegacia.

E eu fui.

Cheguei na delegacia com as marcas daquele monstro. Eu chorava muito e tremia de tanto medo. Fiquei em silêncio por alguns segundos, olhando para a cara do inspetor. Ele parecia decifrar a minha dor e a minha humilhação. Fiz corpo de delito e abri queixa, Maria da Penha nele.
Quando ele recebeu a intimação, ficou revoltado. Eu estava andando na minha rua, ele simplesmente, jogou o carro em cima de mim. Os vizinhos viram e chamaram a polícia. Deram a placa e mais uma pra ficha dele: tentativa de homicídio.
Recebi a medida protetiva, ou seja, ele não pode se aproximar de mim. Precisa ficar uns metros de distância e não pode entrar em contato comigo, por nenhum meio. Porém, fui ameaçada pela mãe e pela nova namorada, caso se eu não tirasse a queixa.

Processei as duas.

Gravei as conversas telefônicas nas quais eu recebi a ameaça. Na audiência, elas mentiram. Disseram que não haviam me ameaçado. O juiz deixou que elas falassem, depois, mostrou a gravação de ameaça. Depois elas assumiram. Contra fatos não há argumentos. Mentiram sob juramento, falso testemunho.

Medida protetiva nelas e nome fichado na polícia.

Há pouco tempo tivemos mais uma audiência. Hoje ele é fichado como estuprador e tentativa de homicídio, antes ele tinha a ficha limpa.
Uma vez eu estava em uma festa, já tinha a medida protetiva. Ele estava com a namorada, mas ela não me viu. Quando o vi, senti um medo incontrolável. Ele me olhava de longe. Pensei em tudo que havia acontecido, e sem medo, liguei para 190. Ele saiu com a polícia do lugar. Deve ter sido horrível para ele, mas era a minha salvação.

Eu o amava, mas antes, amo a minha vida.

Isso foi no carnaval. Até hoje a minha família não sabe. Ele era tratado como filho, todos gostavam dele. Inventei uma desculpa para mostrar o nosso afastamento.
Voltei a ter depressão, não saio do quarto e não consigo parar de chorar. Dói porque eu penso que a culpa foi minha. Porque quando me deito, a imagem dele vem na minha mente. Eu sinto ele em cima de mim, como aconteceu naquele dia terrível. Eu ouço a voz dele. Eu vivo um inferno que não acaba.
Hoje eu namoro uma pessoa, que faz tudo pra me ver feliz. É policial, conhece sobre as leis e me ajuda muito, mas ainda não consegui ter relação sexual depois do estupro. Quando a mulher é violentada, ela fica traumatizada. Ela pensa que tudo vai acontecer de novo.
Ele perdeu o emprego, a mãe perdeu o emprego, e a namorada, passou num concurso público mas não pode assumir o cargo.

Ana Paula - São Paulo.

Os nomes foram modificados a pedidos da vitima.

Obs: Recebi a história por email e adaptei no texto. Se você quer me contar a sua história, e ajudar outras mulheres, me mande por email joyxavier@globomail.com

Joyce Xavier

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