25 novembro 2016

Assumir as próprias fraquezas é um ato heroico. - Por Marcely Pieroni








Você bem sabe que está tudo bagunçado. Algumas atitudes se tomadas fariam um bem danado para você, mas não dá. Ainda falta coragem de sair por aí dizendo os 'NÃOS' em voz alta. Sobra medo dentro do bolso e enquanto isso, a vida vai seguindo apertada. O peso nos ombros é notável, o mau humor matinal bate cartão. Tem dias que tudo incomoda: desde o despertador às cinco horas da manhã até o trânsito insuportável na volta para casa.

No meio tempo você vai encontrando maneiras de anestesiar as quedas e vai fingindo como se tudo estivesse bem. E esse é o grande problema. Fingir que não está sufocada, que vez em quando não sente vontade de mandar tudo pelos ares. Admitir que assim como eu e como o seu Zé ali do açougue você também tem crises existenciais e precisa de tempo e espaço.

Não é vestir a capa invisível e sair mundo a fora salvando os fracos e dependentes. É admitir que precisa digerir tudo que tem interrompido sua paz e dar o braço a torcer. Você existe e se aborrece também. Não é privilegiado. Também amarga desencontros e (sobre)vive alguns fiascos. Você também bate o dedo mendinho no sofá – lembrou a dor ?- se você não der um basta vai sentir a mesma sensação todos os dias até cansar e jogar a toalha. Vai se arrepender dos passeios que não fez, dos livros que não leu e dos conselhos que não ouviu (ainda existem coisas boas para se compartilhar). Vai sentir saudade de tudo que não viveu por causa da pressa. Do receio de se impor. De dizer que também precisava de mais cinco minutos deitada na cama sem a menor pretensão de enfrentar o mundo.

Assumir as próprias fraquezas é um ato heroico. É olhar a ferida e encontrar formas de cicatriza-la. Não dá para tapar o sol com a peneira. É preciso sentir tudo latejar para superar. Não adianta vestir super poderes imaginários e agir no piloto automático como se nada o machucasse, pois quem foge uma vez, foge sempre e nesse caso não evolui, não aprende, não faz dos erros um impulso até a maturidade chegar.

Admitir que vai mal, que sente fadiga, que se enjoa com o pessimismo alheio é libertador. Seja a fatia que ainda se importa em sair do lugar e fazer algo por si e não se acomode a ver a vida passar nos escanteios da preguiça ou da descrença. Se você não se dispõe nada muda. Temos o péssimo hábito de clamar por transformações e esquecemos que além de doloridas elas também dependem única e exclusivamente da gente mesmo. A mudança vem de dentro pra fora e começa em casa, nunca na rua.

Sendo assim, se der vontade de gritar, grite! Se quiser sair, saia. Se não estiver com vontade não vá! O que não pode é agradar todo mundo desagradando a si mesmo. Se você não respeitar suas próprias vontades, ninguém mais o fará. Pensa nisso, antes de culpar Deus e todo mundo por suas inúmeras omissões. 

Marcely Pieroni

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