17 novembro 2016

Vamos fazer uma seita que dói menos?! - Por Diego Augusto







Minha vida nunca foi fácil e nem de perto chegou a flertar com a cobiça alheia. Hoje numa daquelas seções de meditação no vaso sanitário comecei a passar a limpo bem mais que a divisória das nádegas, mas alguns acontecimentos do passado que felizmente me levou a mais lúcida e bela conclusão: "não existe dor que o tempo não cure".

Antes mesmo de algum gênio inventar a cultura anti bullying passei boa parte do período escolar "permitindo" ser chamado de Preto, Paquita do Olodum, Zé Gotinha da Petrobras, entre outros e fui convencido a aceitar passivamente todos os insultos porque naqueles tempos a sabedoria popular dizia que "apelar poderia ser pior".

Para uns pode soar como recalque ou mimimi exacerbado, afinal, as pessoas ultimamente estão achando o mundo chato e vitimista demais, no entanto, só aquele que têm os pés calejados reconhece a dor que ocasiona sapatos apertados.

Não vou afirmar que o mundo atual evoluiu nos aspectos discriminatórios, até porque o número de relatos que envolvem a intolerância de gênero, credo, visão e posicionamento político e social ainda estampa aos montes o nosso cotidiano. O fato é que, de modo geral as pessoas estão mais conscientes dos direitos e poder que exercem através da mobilização, expressão e abandono da zona de conforto (graças ao bom Deus).

Vivi a infância, pré-adolescência e até hoje a vida adulta num mundo em que imputa qualidades aos fatores estéticos (aqueles padrões estabelecidos na mídia que fazem o povo acreditar na beleza padronizada) ou financeiros, seja numa promoção profissional ou mesmo para ser aceito num grupo social. Talvez por este motivo a mulata do cabelo crespo nunca aceitou as madeixas de modo natural, nem o gordinho foi feliz e se sentiu completamente à vontade em trajes de banho (só para citar alguns dos diversos exemplos disponíveis na face da terra).

Sinceramente, não sei se a humanidade irá abandonar por completo essa mania mesquinha de tentar idealizar características pré-estabelecidas nos seus "semelhantes", mas sonho com o dia em que iremos compreender o posicionamento alheio e aceitar que as diferenças são essencialmente fundamentais para a evolução cognitiva da nossa espécie.

Chega de massacrar o feminismo com argumentos da Era Paleozóica. Chega de julgar o livro pela capa e sair propagando interpretações erradas baseadas única e exclusivamente numa manchete, frase e/ou compartilhamentos diversos. Conheça e aceite a opção de terceiros, mesmo que você não concorde. Já perceberam que estamos perdendo amigos por discórdia de pensamentos?! Vamos promover e possibilitar o debate sadio.

Alguns gênios da lâmpada mágica chegam a atribuir culpa a vítima nas ocorrências de estupro. É comum deparar com depoimentos deprimentes que questionam o motivo da agredida estar no local do crime num dado horário, vestindo determinada roupa (como assim?!). Esta lógica louca me leva a crer que, se por ventura eu comprar uma linda Ferrari vermelha e trafegar nas ruas de um bairro pobre, mereço ser roubado.

Na boa, tem uma turma (e não é pouca) confundindo alho com bugalho ao falar do sofrimento alheio, ou distorcendo o debate da desigualdade por pura hipocrisia (ou má fé, sei lá!). Acorda povo de Deus! Não estou aqui apelando para o comitê da Fórmula 1 conceder o direito de Lewis Hamilton largar na Pole Position por ser negro, nem mesmo pedindo indenização por ter segurado o choro quando fui humilhado e disfarcei um sorriso para agradar o demente que pensou ser mais engraçado que o Jim Carrey ao zombar dos fatores que me incomodam. Apenas quero estimular o respeito no pensamento humano.

Não precisamos agir da forma cômica e sínica que a extraordinária campanha publicitária da Tigre (Palavrões Fofinhos) determina. Existe uma enorme diferença entre extravasar a raiva e ofender, mas de modo algum alguém pode justificar tratamento desigual – não pode existir na atualidade justificativa para tentar coibir atitudes da vida alheia, portanto, desde que não interfira nos direitos de terceiros e não infrinja nenhuma lei, faça do seu cotidiano aquilo que te faz sentir bem. 

A vida ainda persiste em ser complexa demais para mim e certamente pra você que se identificou vivendo qualquer evento supracitado. Não vamos de maneira alguma permitir que a incompatibilidade de crenças e valores transforme nossa alma num mar de sangue. Vamos usar a racionalidade para abraçar polos distintos e comprovar a física que permanece viva em cada um de nós: "os opostos se atraem".

Cada vez que sofro a indiferença na pele, sinto que a natureza humana promove a desordem dos fatores que não fazem sentido nem aqui nem na Patagônia: "se sentir melhor que o outro", "definir aquilo que é bom para o todo", "indicar o meio pelo qual alguém deve sentir prazer"...blá, blá, blá...

(...)

P.S Mulher que anda de shortinho curto, decote e bebe cerveja, pra mim só tem uma explicação: está sentindo calor e exercendo o direito de ser o que ela bem entender!

Pohaaaaaa. 


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