O Tempo que passa, que fica, que leva e que marca. O tempo que nos mata
e que nos faz viver. O tempo que se perde e que se ganha.
No início, somos um.
Nascemos, geralmente, frutos do amor entre duas pessoas que se
encontram em algum momento. Desse encontro, outros seguem. Encontramos com
pessoas que ainda não conhecemos, mas que em breve compreenderemos o quão
importante são. Depois, encontramos mais pessoas em locais estranhos, longe do
conforto do nosso lar e do nosso convívio. Dentre estas novas pessoas,
escolhemos as que mais nos identificamos. Assim, criamos mais laços. Alguns
desses laços mantemos por mais um período ou pelo resto da vida e alguns deles
perdemos, na medida em que as pessoas vão para longe, retornam para seus lares
ou vão à procura de um. Continuamos a crescer e logo os desejos naturais e
mecânicos dão lugar a um desejo tão carnal quanto. No entanto, bem mais
complexo. Olhamos o outro com mais atenção, buscamos mais identificação. Não
somente nos gostos, mas no carinho. No decorrer deste desejo, notamos que
queremos mais, e então, percebemos que outro pode nos dar ao menos parte do que
queremos.
Viramos dois ou mais.
O mundo passa a ser mais legal, no início. Os lábios passam a ser mais
usados para beijar do que para fazer bicos e caretas em frente a espelhos e
câmeras. O tempo continua a passar. Sem querer, começamos a querer virar três.
De duas almas, uma nova surge. O tempo segue, se perde e se ganha. O corpo,
agora, não tem mais a mesma disposição para fazer o que antes fazia. O que era
engraçado perde sua graça aos poucos. Mas, em contrapartida, o que era pequeno
cresce e o que era grande, de repente segue. O amor e o carinho que sentíamos
pelo outro insiste em repousar em cada olhar. Ao longo do tempo, nos olhos do
outro, vemos o que há de lindo em nós mesmos.
No fim, nos tornamos um ou nenhum.
Os anos são perigosos e ligeiros, tão traiçoeiros quanto uma cobra dos
contos de fadas. E, com o passar de mais alguns, ele segue nos tirando. Algumas
pessoas trilham seu percurso natural e partem na frente, ao passo que outras
ficam na fila esperando a sua vez. Em algum momento, até mesmo aquele alguém
que acreditamos estar predestinado a nós parte também. Ou nós mesmos... Mas o
que fica do tempo e com o tempo não são somente as perdas e partidas, mas também
os ganhos e o que fica. Ele nos ensina o seu próprio valor. Recebemos dele o
tempo em que passamos com as pessoas que amamos. Ele nos marca também
unicamente pelos momentos e experiências guardados em nossas memórias, em
nenhum outro lugar além do tempo.
Oi, Lu.
ResponderExcluirMais uma vez, texto lindo!!!
Me arrepiei todo lendo ele porque tem muitas partes com as quais me identifico.
Não sei como ainda me surpreendo com sua escrita poética e assertiva.
Aguardo o próximo.
Abraços.