12 dezembro 2016

Ela não é mais a mesma garota. - Por Andressa Leal



Os sofrimentos a endureceram e ela não se orgulha disso, porém sabe que foi necessário parar de ser boba para seguir em frente, não foi preciso muitas coisas, três desilusões seguidas foram o suficientes para ela reconhecer o seu amor próprio, tirou de dentro de si uma vontade sem tamanho, se revestiu de esperança e saiu a brilhar, não entregava mais seu coração na mão de qualquer malandro – na verdade nem mais o seu coração entregava e se vangloriava disso.
Desde a última desilusão nunca mais nenhum marmanjo ousou pisar no seu coração, ela se fez forte por escolha e por obrigação, costuma dizer que a vida não lhe deu outra opção, encontrou o seu amor próprio quando não mais acreditava no amor e quando o encontrou entendeu que nenhum amor do mundo seria capaz de substituir aquele, viveu a experiência do amor próprio e começou a recusar qualquer coisa que diminuísse.

Quando garota já caminhou pela rua em dia de chuva e com lagrimas no rosto – a intenção de chorar na chuva é que ninguém notasse a sua dor, o chuveiro foi seu melhor amigo em dias de coração partido, aumentava o som e chorava como se não houvesse amanhã e quando alguém perguntava porque seus olhos estavam vermelhos, a desculpa sempre era que o xampu tinha caído nos olhos. 

Escreveu muita carta de amor nunca entregue, leu muito romance para ver se encontrava algo que suprisse a falta de amor, quando garota ela sonhava que o seu verdadeiro amor a reconheceria e que dessa forma seria preenchido todo o vazio. Depois do ultimo termino e das longas noites em claro chorando ela olhou no espelho e viu algo que a tempos não via, seu reflexo e por alguns instantes não se reconheceu, talvez porque carregava consigo tanto peso, tanta coisa desnecessária, porem decidiu que iria esvaziar e se livrar de qualquer coisa que não a acrescentasse.

Começou se livrando de todas as antigas cartas de amor que carregava, guardaria todas as experiências em seu coração, mas não se fazia necessário ter algo ali que lhe remetesse as dores passadas, colocou tudo em uma bacia e queimou, depois fez uma lista de todas as coisas que queria fazer, precisava traçar uma rotina, um novo caminho e precisava realizar sonhos, durante algum tempo ela fez essa faxina e acredito que se livrou.

Então ela percebeu que queria um amor que a transbordasse, conta gotas não a satisfazia, ela se amava demais para deixar que qualquer pessoa a ousasse bagunçar de novo, não precisava de mais desilusões para acrescentar experiência, hoje ela não era mais aquela garota que chorava com o travesseiro no rosto e o coração na mão, hoje ela é uma mulher que viveu a experiência de se amar e entendeu que é esse amor que acrescenta.

Hoje ela não é mais aquela garota repleta de ilusões, carrega um amor único no olhar e entendeu que todos os sofrimentos foram para o seu crescimento, naquele momento eles se faziam necessários, foi necessário longos dias de chuva para que se iniciasse a colheita. A garota entendeu que foi chegado o momento de se transformar em mulher, o sofrimento a amadureceu!
(Andressa Leal)


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