30 setembro 2016

Chegou a minha vez de ter orgulho - Por Andressa Leal



Olhei para o celular pensando que era você, por muito tempo eu pensei que a gente poderia dar certo, quis deixar de lado o meu orgulho, ou talvez o medo, aquele bendito medo que me impedia de te procurar. Quis pegar na sua mão quando te vi partir e dizer:

- Relaxa, vamos fazer dar certo, sei que conseguimos.

Só que não fiz, meu orgulho me impediu de fazer, tinha me magoado demais, feito demais para que tudo entre a gente desse certo e resolvi que desta vez eu não daria nenhum passo, não falaria uma palavra. Aguentei em silêncio você fazer a mala, pegar tudo seu que estava na minha casa, até uma pasta de dente você levava, fecho os olhos e me lembro das suas palavras:

- Não vou deixar um palito que te faça lembrar-se de mim.

E não deixou, palito, perfume, xampu, nada, absolutamente nada que é seu ficou aqui na minha casa e na minha vida. Desde o começo da nossa relação eu me questionava até quando você seria o orgulhoso de nós, até que momento eu aguentaria, ter que correr atrás, silenciar e algumas vezes me anular.

Quatro anos, foi exatamente o tempo que eu aguentei, entre idas e vindas, coração magoado, palavras duras e várias promessas de eu não quero mais te ver e nunca mais vou te procurar, eu sempre procurava (nunca tive vergonha na cara), sempre ligava, ia à sua casa, eu sempre lutei por nós, até o fim.

E o fim chegou e dessa vez eu não tentei evitar, não segurei e nem comecei tirar suas roupas da mala como eu fazia todas as vezes que você começava arrumar, desta vez eu estava decidida, não iria ceder correr atrás, chorar e lutar pela gente, tinha usado todas as minhas forças durante esses quatro anos, dessa vez eu nada fiz.

Permaneci na cozinha fazendo minhas coisas e permiti que cada lágrima caísse dos meus olhos, com a intensidade que elas desejassem, não as impedi desta vez, elas iriam cair uma a uma, até não cair mais, consigo ouvir o barulho das gavetas batendo e sei que dessa vez não tem mais volta, o amor acabou, se esgotou, chegou no limite.

Quando te vi sair do quarto com a mala na mão, juro que pensei em correr, te pedir para ficar, falar para você sentar no sofá, que iria cozinhar para a gente e te dar aquele vinho que você adorava, porém eu não fiz, não dei nenhum passo, continuei encostada na pia, ouvindo minha música e chorando, você foi até a porta, olhou para trás e disse:

- Não me procure demais, dessa vez acabou, não quero ter que ficar me explicando.

Eu engoli a seco, tinha o meu orgulho, respirei e respondi:

- Não procurarei, não da para remendar aquilo que já está muito rasgado.
- Foi bom enquanto durou.
- Sim, porém agora foi bom que acabou.
- Se cuida
- Deixe minha chave.

Essa foi a nossa última conversa e nossa última troca de olhares, quando a porta bateu, me joguei no chão e deixei todas as lagrimas caírem, pensei em descer as escadas correndo e ir atrás de você, porém não fiz. Escuto o toque do meu celular e corro, tenho a certeza que dessa vez você deu o braço a torcer, ao pegar meu celular me decepciono, não era você. 

Era simplesmente uma mensagem, informando a previsão do tempo, não precisava de previsão, dentro daquele apartamento estava frio do mesmo jeito que o meu coração.

Andressa Leal 


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