Olhei para o celular pensando que era
você, por muito tempo eu pensei que a gente poderia dar certo, quis deixar de
lado o meu orgulho, ou talvez o medo, aquele bendito medo que me impedia de te
procurar. Quis pegar na sua mão quando te vi partir e dizer:
- Relaxa, vamos fazer dar certo, sei
que conseguimos.
Só que não fiz, meu orgulho me
impediu de fazer, tinha me magoado demais, feito demais para que tudo entre a
gente desse certo e resolvi que desta vez eu não daria nenhum passo, não
falaria uma palavra. Aguentei em silêncio você fazer a mala, pegar tudo seu que
estava na minha casa, até uma pasta de dente você levava, fecho os olhos e me
lembro das suas palavras:
- Não vou deixar um palito que te
faça lembrar-se de mim.
E não deixou, palito, perfume, xampu,
nada, absolutamente nada que é seu ficou aqui na minha casa e na minha vida.
Desde o começo da nossa relação eu me questionava até quando você seria o
orgulhoso de nós, até que momento eu aguentaria, ter que correr atrás,
silenciar e algumas vezes me anular.
Quatro anos, foi exatamente o
tempo que eu aguentei, entre idas e vindas, coração magoado,
palavras duras e várias promessas de eu não quero mais te ver e nunca mais vou
te procurar, eu sempre procurava (nunca tive
vergonha na cara), sempre ligava, ia à sua casa, eu sempre lutei por nós, até o fim.
E o fim chegou e dessa vez eu não
tentei evitar, não segurei e nem comecei tirar suas roupas da mala como eu
fazia todas as vezes que você começava arrumar, desta vez eu estava decidida,
não iria ceder correr atrás, chorar e lutar pela gente, tinha usado todas as
minhas forças durante esses quatro anos, dessa vez eu nada fiz.
Permaneci na cozinha fazendo minhas
coisas e permiti que cada lágrima caísse dos meus olhos, com a intensidade que
elas desejassem, não as impedi desta vez, elas iriam cair uma a uma, até não cair mais, consigo ouvir o barulho
das gavetas batendo e sei que dessa vez não tem mais volta, o amor acabou, se esgotou, chegou no limite.
Quando te vi sair do quarto com a
mala na mão, juro que pensei em correr, te pedir para ficar, falar para você
sentar no sofá, que iria cozinhar para a gente e te dar aquele vinho que você
adorava, porém eu não fiz, não dei nenhum passo, continuei encostada na pia,
ouvindo minha música e chorando, você foi até a porta, olhou para trás e disse:
- Não me procure demais, dessa vez
acabou, não quero ter que ficar me explicando.
Eu engoli a seco, tinha o meu
orgulho, respirei e respondi:
- Não procurarei, não da para
remendar aquilo que já está muito rasgado.
- Foi bom enquanto durou.
- Sim, porém agora foi bom que
acabou.
- Se cuida
- Deixe minha chave.
Essa foi a nossa última conversa e
nossa última troca de olhares, quando a porta bateu, me joguei no chão e deixei
todas as lagrimas caírem, pensei em descer as escadas correndo e ir atrás de
você, porém não fiz. Escuto o toque do meu celular e corro, tenho a certeza que
dessa vez você deu o braço a torcer, ao pegar meu celular me decepciono, não
era você.
Era simplesmente uma mensagem,
informando a previsão do tempo, não precisava de previsão, dentro daquele
apartamento estava frio do mesmo jeito que o meu coração.
Andressa Leal
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